sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

domingo, 12 de julho de 2009

Sobreirito-16: Homenagem a todos os combatentes da guerra do ultramar da freguesia Souto da Carpalhosa





No dia 12 Julho 2009 pelas 15:30 horas e junto à sede da Junta de Freguesia do Souto da Carpalhosa foi a inaugurar uma lápide de homenagem a todos os combatentes da guerra do ultramar da freguesia Souto da Carpalhosa
A cerimónia contou com os ex militares, familiares e amigos que participaram na guerra, o presidente da Junta do Souto da Carpalhosa o Sr. José Carlos, os restantes elementos da Junta de Freguesia e funcionários e a Presidente da Câmara Municipal de Leiria a Sra. Isabel Damasceno.


Nelson S S Domingues

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sábado, 11 de julho de 2009

Sobreirito-15: IV Encontro Nacional da Tertúlia do blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, 20 de Junho de 2009

Tive o privilégio de participar e conviver no IV Encontro Nacional da Tertúlia do blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, no dia 20 de Junho de 2009, Quinta do Paúl, Ortigosa, Monte Real, Leiria.
Ao participar neste encontro tive a felicidade de conhecer in loco os homens que comecei admirar e a respeitar aquando das minhas incursões no blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné.
Na minha mesa convivi de perto com Magalhães Ribeiro e sua esposa, Casimiro Carvalho, José Pedro Neves e esposa Ana Maria, Tomás Carneiro vindo dos Açores da Ilha São Miguel e mais três camaradas da Guiné que não me lembro o nome.
Também tive o privilégio de trocar umas palavras com o adoráveis Carlos Vinhal, José Martins e Esposa, Luís Graça e o meu conterrâneo e amável Joaquim Mexia Alves.
Obrigado por existirem!!
Até para o ano...


Nelson S S Domingues

Publicado:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/06/guine-6374-p4570-iv-encontro-nacional.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/06/guine-6374-p4566-iv-encontro-nacional.html

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sobreirito-14: Alferes Jorge Paes Freire


Nos textos publicados, onde constam correspondência do meu primo Raul Caetano com o Furriel José Martins, observei uma outra correspondência sobre os factos ocorridos no dia 24 Fevereiro 1968, texto do Alferes Jorge Paes Freire (com a devida vénia)

02 de Agosto de 2008
Remetente: Raul Sobreira Caetano

Informação sobre a morte do alferes Manuel de Jesus Sobreiro

Boa tarde.

Acabei de ver uma página da Internet onde manifestava o desejo de saber as circunstâncias da morte do seu tio Manuel de Jesus Sobreiro (de Monte Real, Leiria).
O meu nome é Jorge Paes da Cunha Freire e fui alferes da C.Art 1612. Estive com o seu tio na formação da Companhia em Vila Nova de Gaia, em 1966, e depois na Guiné, em Bissorã e em Buba. Entretanto, em Agosto de 1967, fui transferido para Bissau. Aquando do falecimento do seu tio, eu estava de férias em Lisboa e recebi uma carta do comandante da companhia, capitão Orlando Ventura de Mendonça a relatar-me o sucedido e que realmente me deixou muito chocado. O que se passou foi o seguinte, (em Aldeia Formosa, perto de Buba, onde a companhia estava destacada na altura) presenciado por soldados da companhia, que me confirmaram o sucedido. O seu tio tinha a especialidade de minas e armadilhas, tirada em Tancos, depois do 2º ciclo do curso de oficiais milicianos, tirado em Vendas Novas. A origem do acidente que lhe causou a morte foi a circunstância em que teve de desmontar uma armadilha. Quando estava a proceder a essa operação, foi instantaneamente coberto por um tipo de formigas muito comum na Guiné, designado localmente por «correcção» ou também por «marabunta». Essas formigas cobrem uma pessoa em segundos e, quando mordem, se as arrancamos ficam as cabeças agarradas à pele, pelos ferrões. Ora isso aconteceu exactamente quando o seu tio tinha a armadilha na mão e que explodiu, quando ele sacudiu as formigas, cuja picada dói bastante. Foi isto que realmente sucedeu.
Espero ter contribuído para o esclarecimento do que se passou, manifestando o meu pesar, pelo desaparecimento do meu companheiro de armas, Manuel Sobreiro, que continua vivo na minha memória ao fim de 41 anos.
Aproveito a oportunidade para lhe apresentar os meus cumprimentos, pondo-me ao seu dispor se quiser contactar-me.

Jorge Freire

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Nelson S S Domingues

Foto: Manuel Sobreiro e Camaradas

Sobreirito-13: Raul Sobreira Caetano


O meu primo Raul Sobreira Caetano foi impulsionador e perseverante na busca da verdade sobre a morte do nosso tio na Guiné.
Nas diversas conversas que tive com o meu primo fiquei a saber das suas pesquisas e da troca de correspondência com Furriel Miliciano José Martins.
Agradeço de uma forma sentida a colaboração prestada por José Martins, FUR. Mil. Trms. Inf., C. Caç 5/ CTI Guiné, Junho 1968 a Junho 1970 e Jorge Paes da Cunha Freire Alferes da CART. 1612. (com a devida vénia)

Correspondência entre Raul Caetano e Furriel José Martins, resumos:

28 de Abril de 2007

"Sr. José Martins

Fico muito feliz pelo seu mail, o qual desde já agradeço.
Sei que se deve lidar com muito cuidado com estes assuntos, pois como o Sr. mencionou "são sempre dolorosos e difíceis de abordar", mas acho que as famílias dos que por lá caíram têm o direito à verdade.
A morte do meu tio sempre foi um assunto tabu, primeiro porque a minha avó no espaço de dois anos ficou sem o marido e o filho mais velho. Segundo porque na altura as informações que nos chegavam eram contraditórias, como se vivia numa ditadura talvez não se procurasse a fundo a verdade. Havia a verdade oficial e uma vez por ano vinha um pelotão ao cemitério homenagear os nossos mortos (entre os quais o meu tio), com salvas de tiro. Provavelmente isto fazia esquecer a procura da verdade.
Sei que alguém da minha família tentou saber mais, mas acho que não o conseguiram.
Há relativamente pouco tempo, veio parar às minhas mãos por acaso um caderno do Expresso com os soldados mortos no Ultramar e por minha surpresa não encontrei o nome do meu tio. Não tenho a certeza se realmente não está ou se eu não consegui encontrar, pois a lista é muito longa e poderia ter-me escapado, já providenciei para a obter. Mas este episódio, despertou a minha curiosidade, e agarrei-me aos meios que possuo, nomeadamente a Internet e encontro uma lista de combatentes que morreram na Guiné, creio que foi o Sr. que a elaborou, na página do Ultramar.terraweb (anexa) [Listagem Guiné - Tombados em Campanha, página 21] onde o nome do meu tio aparece e o motivo acidente. Como queremos ir sempre mais além, enviei uma mensagem para tentar saber mais informações da morte do meu tio. No dia seguinte recebo um mail para consultar os sites http://www.cart1525.com/ e o blogueforanada.blogspot.com (do Sr. Luís Graça e Camaradas da Guiné). No primeiro site não encontrei nada, mas no segundo encontrei, para grande surpresa minha um artigo escrito pelo Sr. José Neto a descrever pormenorizadamente a morte do meu tio (em anexo) [reproduzido no final deste mail, em itálico].
Agora recebo o seu e cada vez a confusão é maior.
1.º Morreu a desarmadilhar uma granada defensiva (é uma arma de arremesso, não de fogo?) ou na verificação da zona foi alvejado por alguém?
2.º Segundo o Sr. José Neto ele era o 2.º Comandante da Companhia, porquê ele a fazer a verificação da zona armadilhada e não um militar com posto mais baixo?
3.º Segundo os arquivos que consultou a armadilha foi colocada pelas nossas tropas, seria treino ou foi tudo premeditado? "

Raul Sobreira Caetano


29 de Abril de 2007

"Caro Raul

Acabo de chegar de Pombal, onde se reuniram, pela segunda vez no espaço de seis meses, alguns elementos que fazem parte do blogue do Luís Graça, entre os quais me incluo, participando com alguns escritos e pesquisas, assim como na página de ultramar.terraweb.biz, onde pretendi com a listagem enviada, prestar homenagem a todos aqueles que tombaram. Talvez por ter visto a morte a rondar-me por três vezes durante a minha estada na Guiné, entre Junho de 1968 e Junho de 1970.
Curiosamente, depois de sair de Pombal, estive em Leiria, donde sou natural e onde ainda tenho família, uma vez que agora resido em Odivelas. Não sabia que o meu amigo Zé Neto, que além do blogue conheço pessoalmente, também era da nossa região. Infelizmente não estive com ele, já que se encontra doente.
Quanto ao nomes publicados pelo Expresso em 30 de Abril de 1994, e que faz parte dos meus arquivos, poderia estar errado por defeito. Ainda há pouco tempo foram acrescentados nomes na parede do Forte do Bom Sucesso, em Belém - Lisboa, por não terem sido incluídos na listagem então elaborada. No entanto o nome do seu tio aparece na página 26, desse caderno, na 15ª posição, tendo um R em vez de Rodrigues.
Mas vamos tentar aclarar as dúvidas que possam existir:
1º - Foi do 8º volume da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), página 334, que retirei as informações enviadas. O texto do meu camarada José Neto confirma o que está no livro. No nosso léxico, arma de fogo é considerado todo o engenho que actua através de uma deflagração ou explosão.
2º - No texto do Zé Neto refere que o seu tio tinha a especialidade de Minas e Armadilhas, uma das razões porque, apesar de ser o oficial subalterno mais antigo e, por conseguinte, o 2º comandante da companhia, ter sido ele a fazer aquele trabalho. Isto além de, como oficial e como mais graduado, por altruísmo e para preservar os homens que estavam sob as suas ordens, logo sob a sua responsabilidade, serem os mais graduados a executar as tarefas mais difíceis e arriscadas. Eu próprio, como Furriel, substituí os meus homens em diversas tarefas que além de não me serem atribuídas, a tal não ser obrigado.
3º - Quanto a esta questão, pelo que li, tratou-se de uma acção real. Se fosse um treino decerto teria feito mais vítimas, pois que teria à sua volta os elementos a quem pretendia passar os seus conhecimentos. Tanto as nossas tropas como o inimigo (o PAIGC) recorriam a esta guerra subterrânea, que tantas vítimas provocaram de ambos os lados.
Os endereços electrónicos do meu camarada José Neto, de que disponho, são zeneto@netcabo.pt ou netoze@clix.pt.
Mais uma vez me congratulo por a vossa geração querer saber a verdade sobre a guerra que nós travamos, mas que durante anos escondemos, como se tivéssemos praticado um pecado capital. Hoje, 37 anos depois de ter deixado o teatro de operações, já falei mais da guerra ao meu neto, que tem 11 anos, do que o que falei aos meus três filhos.
Sabemos que nada poderá mudar o rumo que as coisas do passado tiveram, mas estamos cientes de que quanto mais se souber sobre aquele período da nossa história, pois de história se trata, se poderá melhorar, compreender e ajudar todos aqueles que, a sua participação na guerra afectou, a ponto de os inutilizar, em termos físicos e psicológicos, para o resto das suas vidas.
Como é óbvio e faz parte do nosso (blogistas) código de conduta, este mail vai com conhecimento ao editor Luís Graça, pois que assim também é possível obter outros elementos que possam ser do conhecimento e interesse geral.
Termino, mantendo-me ao dispor para o que possa ser útil, com um abraço"

José Martins

Publicado:http://ultramar.terraweb.biz/zraulsobreiracaetano_2007_04_26_guine.htm http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2008/09/guin-6374-p3174-em-busca-de-38-causas.html

Nelson S S Domingues


Foto: Manuel Sobreiro e Camaradas em 22-11-1965

sábado, 14 de junho de 2008

Sobreirito-12: Alferes Miliciano Manuel J. Rodrigues Sobreiro


"Guiné > Guileje > BART 1896 > CART 1612 (1967/69) > O Alf Mil de Minas e Armadilhas, Manuel Sobreiro, natural de Leiria, morto num acidente com um granada defensiva, em Mampatá, em Fevereiro de 1968. Alguém se lembra dele e das circunstâncias em que morreu ?"

Manuel de Jesus Rodrigues Sobreiro (1942-1968) . Tombou a 24-02-1968 em Mampatá, Guiné . Causa oficial:Acidente com uma granada defensiva . Unidade Mobilizadora: RAP 2 . Ramo das F.A: Exército . Natural(oficial: Riba de Aves)Chã da Laranjeira, Souto da Carpalhosa, Leiria . Alferes Miliciano de Artilharia nº 0022363, Minas e Armadilhas, 2º comandante da CART 1612 - A CART 1612 era um das 3 companhias operacionais do BART 1896(As outras 1613 e 1614) .


– sábado 24Fev68
† MANUEL DE JESUS RODRIGUES SOBREIRO nascido em 1942, na freguesia de Souto da Carpalhosa, concelho de LeiriaAlf ´Mil Art M/A, 2ºCmdt da CART 1612/BART 1896-RAP2 (a 6 meses do final da comissão); morre em «acidente» com deflagração de granada defensiva, na região de Mampatá.
Publicado:

Sobreirito-11: Dia de Portugal












No passado dia 10 Junho 2008, foi inaugurar a lapide, onde se homenageia os 55 militares do Concelho de Leiria, que tombaram no Ultramar, incluindo o meu Tio Manuel.
A inauguração da Lapide contou com a participação da Presidente da Câmara Municipal de Leiria, do mentor e ex. militar do Ultramar Sr. Costa Alves, e de irmãos e sobrinhos do meu Tio Manuel.
Tirei umas fotos onde constam a lapide e familiares do meu Tio Manuel.
Foi uma cerimonia sentida, e por isso o meu agradecimento ao Sr. Costa Alves.
Nelson S S Domingues
Foto1-Lapide dos 55 militares do concelho de Leiria falecidos no Ultramar.
Foto2-Nome do Alferes Manuel Sobreiro na lapide.
Foto3-José e António Sobreira.
Foto4-Maria Sobreira, Laura Esperança, Fátima Moringa, Isabel Damasceno, Luzia Sobreira Caetano, António Sobreira, José Sobreira, Costa Alves.
Foto5-Cerimonia da Inauguração da lapide.
Fotos:

sábado, 1 de março de 2008

Sobreirito-10: Blogue mais completo...


A caminhada para um bogue mais completo de homenagem ao meu tio Manuel Sobreiro vai prosseguir, o blogue vai contar com mais histórias, fotos, apontamentos e conversas.
Vão passar a constar vários cantinhos no blogue, entre os quais, um cantinho de familiares, amigos e combatentes, um cantinho com a devida vénia... onde constam os nomes de todos aqueles que com a sua participação, palavras e comentários ajudam a engrandecer o blogue, um cantinho de quem não esquece..., onde constam blogues relacionados com A Guerra de 1961-1974, um cantinho de Sobreirito fotos, com fotos relacionado com Manuel Sobreiro.
O blogue estará sempre em permanente actualização, por isso poderão surgir alterações não substanciais e correcções às mensagens existentes.

Nelson S S Domingues

Sobreirito-9: 4Oº Aniversário



No passado dia 24 Fevereiro 2008, foi a data do 40ª aniversário do desaparecimento de Manuel de Jesus Rodrigues Sobreiro. Foi sepultado no cemitério da freguesia de Souto da Carpalhosa, concelho de Leiria.Publicam-se as fotos tiradas no dia 24 Fevereiro 2008, da campa onde se encontram os restos mortais do Alferes Manuel Sobreiro, na companhia do seu irmão mais novo João Lopes Rodrigues Sobreira que faleceu em Julho de 2004.

Nelson S S Domingues
Fotos: Tiradas por Nelson S S Domingues

domingo, 15 de julho de 2007

Sobreirito-8: Manuel Sobreiro, a sua vida contada pelo irmão António.


António Sobreira conheceu e conviveu de perto com o seu irmão Manuel Sobreiro, por isso convidei o meu tio e padrinho António para uma conversa.

Nelson - Sabe quando nasceu o seu irmão Manuel e o local?
António - O Manuel nasceu a 20 Fevereiro de 1942 em casa dos meus pais no lugar Chã da Laranjeira, freguesia Souto da Carpalhosa e concelho Leiria.
Naquele tempo os partos eram feitos em casa por isso eu e os meus irmãos nascemos em casa na Chã da Laranjeira, só o meu irmão José nasceu no Hospital em Leiria derivado a complicações na gravidez.

Nelson - Qual foi a Escola Primária que Manuel frequentou?
António - O Manuel frequentou a Escola Católica do Souto da Carpalhosa, tendo como professora a Sra. Luzia da Silva Crespo.
A Escola Católica abria às 09 horas e fechava às 15horas e serviam o almoço do meio dia às 13horas. Tal não acontecia na Escola Oficial, onde as aulas eram das 09 horas às 13 horas e sem almoço.

Nelson - O Manuel era um bom aluno?
António - O Manuel passou todos os anos, e para o exame da 4ºclasse a Sra. Professora Luzia fazia uma pré selecção e levava os melhores alunos para exame no Instituto em Leiria (para que os alunos da Escola Católica tivessem as melhores classificações entre as escolas da região) , e o Manuel era um deles.

Nelson - Qual a primeira recordação tem do Manuel?
António - Eu tinha seis anos de diferença do meu irmão Manuel. O primeiro acontecimento que guardo na memória, foi num dia em que o Manuel me pediu para guardar o saco de linhagem da Escola onde tinha os livros escolares e uma broa que era oferecida nas refeições da Escola. Eu estava a brincar na Eira com os meus irmãos José e Abel, e sem eu dar por isso apareceu um cão que pegou no saco de linhagem e fugiu com ele. Quando me apercebi, corri de imediato atrás do cão , mas já não fui a tempo de evitar que ele comesse a broa e rasgasse os livros da 4º classe. Naquele tempo era uma tragédia ! Não havia dinheiro para comprar outros livros, e a solução era arranjar os estragos dos livros danificados pelos dentes do cão! O meu Pai como era assinante do Jornal do Amigo do Povo usou as páginas do Jornal que eram do mesmo tamanho das folhas dos livros e colou com cola que era extraída nos pessegueiros e ameixoeiras, e deste modo os livros foram recuperados…
O mais curioso é que quando frequentei a 4º classe, usei os mesmos livros recuperados, que foram arranjados com as folhas do Jornal e cola de pessegueiro…

Nelson - Depois da 4º classe qual foi o percurso do Manuel?
António - O Manuel queria continuar a estudar, e o meu Pai apoiava porque adorava estudar e gostava que os filhos estudassem. Mas naquela altura as dificuldades eram imensas, e não havia possibilidades de pagar a continuação dos estudos. A única maneira de poder estudar sem ter dinheiro era frequentar o seminário.
Existiam várias instituições religiosas que procuravam vocações e que realizavam vários encontros com jovens rapazes, e foi num desses encontros que Manuel optou por ir para o seminário dos missionários do Verbo Divino.
Para as congregações missionárias iam os rapazes inteligentes dos familiares mais pobres e que não tivessem orientação religiosa, social e politica do pároco local. Porque para o Seminário diocesano, só iam rapazes em que as famílias obedecessem a uma conduta social, religiosa e politica que fossem do agrado do padre da paroquia local daquele tempo.

Nelson - Era necessário algum tipo de exame para ir para ao Seminário?
António - Eu não sei como foi com o Manuel, mas eu também estive no Seminário, e o padre Eugénio que me contactou na altura fez-me um teste engraçado, no qual tinha que decorar uma frase e dizê-la de seguida, ainda hoje me recordo e que era a seguinte : “ Camões é cego de um olho, Homem de inteligência rara, Camões vê mais com um olho do que tu com dois na cara. “

Nelson - Quanto tempo teve o Manuel no Seminário?
António - Perto de 10 Anos, frequentou e teve aproveitamento nos 1º, 2º, 3º ciclos, que corresponde a 7 anos de escolaridade, e mais dois anos de filosofia. No fim do 3º ciclo, o Manuel fez os votos no qual prometia ter vocação para ser padre, no final dos 2 anos de filosofia o Manuel optou não seguir os estudos, não sentindo vocação para ser missionário.

Nelson - Que fez o Manuel depois da sua saída do Seminário?
António - Ele saiu em 1964, andou à procura de emprego, mas como não tinha o serviço militar concluído, poucas portas se abriram. Ele queria seguir os estudos tirar Licenciatura em Direito. Mas lá consegui um emprego no Governo Civil de Leiria, onde tinha a tarefa de sortear e organizar os arquivos. E foi este trabalho que realizou durante os meses antes de ser convocado para a tropa.
Depois foi convocado para o serviço militar onde esteve em Mafra onde tirou o curso de Alferes Miliciano, depois 3 meses em Vila Nova Gaia e tirou a especialidade de minas e armadilhas em Tancos.

Nelson - Depois de tirada a especialidade militar foi chamado para a Guerra Colonial, recorda-se desse momento?
António - Sim, ele foi chamado para a Guerra Ultramar e sei que apesar da morte do meu Pai em 31 Julho de 1965, e deixando minha Mãe viúva com cinco filhos menores, não conseguiu ter o estatuto de Amparo de Mãe e assim seguiu para a Guerra na Guiné.

Nelson - Para que região da Guiné foi para a Guerra?
António - Aldeia da Formosa em Bissorã, perto da fronteira com o Senegal.

Nelson - No tempo em que ficou na Guiné, o Manuel veio alguma vez para Portugal?
António - Sim, veio passado um ano depois de estar na Guiné, esteve de férias um mês no continente e partiu novamente no Outono desse mesmo Ano.

Nelson - Tinha alguma Madrinha de Guerra?
António - Sim, não me recordo do seu nome mas estava em Leiria.

Nelson - Quando é que o Batalhão do Manuel era para ser rendido
António - O Batalhão do Manuel sofreu diversos adiamentos na sua rendição, e só foi rendido um pouco mais de um mês depois da sua morte, em Abril de 1968.
* Após varias conversas o texto foi concluído em 04 Dezembro 2007, com António Sobreira e Nelson S S Domingues

domingo, 24 de junho de 2007

Sobreirito-7: Monumento Nacional aos Combatentes do Ultramar

Historia ( Parte I):
Designa-se por Guerra Colonial, Guerra do Ultramar, ou Guerra da libertação, o período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, entre 1961 e 1974.
Em Fevereiro de 1961 eclodiram em Luanda e no Norte de Angola, violentos levantamentos anti colonialistas.
De então em diante, Angola tornou-se palco de uma luta contra a pretensa portuguesa.
Essa luta era liderada por 3 movimentos de libertação: o MPLA, a FNLA e a UNITA.
Em 1963 foi a vez de a luta anti colonialista se alargar á Guiné-Bissau, cujo movimento de libertação era o PAIGC, dirigido por Amílcar Cabral.
Por sua vez, em Moçambique, as lutas de libertação, iniciadas em 1964 foram encabeçadas pela FRELIMO.
Todos estes movimentos receberam apoio político e material de vários países (EUA, URSS e China) que lhes forneciam armamento e preparavam muitos dos seus quadros.
Durante os 13 anos de guerra colonial registou-se um total de 8.290 mortos nas três frentes de combate: Angola 3.250, Moçambique 2.962 e Guiné 2.070.Deve-se ter em referência o número de mortos na Guiné se compararmos as dimensões territoriais das três frentes de combate ( Angola com uma área de 1.246.700km2, Moçambique com 799.380km2 e Guiné com 36.125km2) e ainda o número de efectivos em cada frente ( em 31 de Dezembro de 1973 os efectivos militares nas três frentes de guerra, totalizavam cerca de 148 mil homens, Angola 65.000, Moçambique 51.000 e Guiné 32.000). A Guiné foi chamada de " Vietname Português".
Em 5 de Fevereiro de 2000 o Monumento Nacional aos Combatentes do Ultramar ficou mais completo e com maior simbolismo com a inauguração das lápides com os cerca de 9.000 nomes de combatentes que tombaram nas três frentes da Guerra Colonial"
As fotos tiradas no Forte do Bom Sucesso - Belém/Lisboa, o Monumento Nacional aos Combatentes do Ultramar, que teve a sua inauguração no dia 15 de Janeiro de 1994.
Na foto o nome na lápide do Alferes Manuel Sobreiro.

Nelson S S Domingues

Obs I. Partes do texto retirado em pesquisa na Internet : Ana Rocha(1/06/2007) e
Obs II. Aproveitarei o blogue de homenagem ao meu tio, para publicar pequenas resenhas históricas sobre os acontecimentos na guerra colonial.

sábado, 23 de junho de 2007

Sobreirito-6: Agradecimentos

Agradecimentos a Luis Graça :
Como referi anteriormente o sucesso deste blogue (As verdades do Sobreirito) só será garantido com a participação de todos os familiares, amigos e combatentes no teatro de operações na Guiné.
Por isso tenho que agradecer publicamente o incentivo, a atenção e as palavras amigas do Luís Graça (Fez a guerra colonial na Guiné em 1969/71 e criador e editor do blogue foranada), porque como o próprio me transmitiu: “Todos nós temos direito à verdade, a começar pelos familiares e amigos dos nossos camaradas que tombaram na Guiné, em combate, por acidente, por doença ou por qualquer motivo”
Agradecimentos a António Sobreira :
É com enorme satisfação que no futuro conto com a participação no blogue do meu Tio e Padrinho Antonio Jesus Rodrigues Sobreira (irmão do Manuel Sobreiro). A relação de forte amizade e cumplicidade entre ambos é demonstrada no postal (conforme a foto)


Nelson S S Domingues

sábado, 16 de junho de 2007

Sobreirito-5: Com a devida vénia…

Texto I :
Foi com enorme satisfação, que recebi resposta a um e-mail meu, vindo do Dr. Luís Graça. Eu já desconfiava que estava perante seres humanos fenomenais em que o sortilégio da vida os levou até Guiné-Portuguesa, mas ao verificar a disponibilidade e as palavras amigas do Dr. Luís Graça, fiquei acreditar que faz todo o sentido a criação deste blogue homenageando o meu tio Manuel Sobreiro o “ Sobreirito”.
Fiquei triste ao saber que o amável, admirável e encantador Sr. José Neto (Zé Neto) (1929-2007) já não está entre nós, com o qual tive o privilégio de trocar alguns e-mail, e que numa próxima ocasião abordarei.
Desde já agradeço ao Dr. Luís Graça, a sua amabilidade, colocando as referencias do Blogue “ as verdades do Sobreirito” na sua tertúlia.

Nelson S S Domingues


Texto II:
”Infelizmente o nosso amigo e camarada Zé Neto (1929-2007) já não está entre nós para poder dar esclarecimentos adicionais sobre a morte do Alf Mil Sobreiro, seu conterrâneo, e que pertencia ao mesmo batalhão (BART 1896)…De qualquer modo, as nossas saudações ao Nelson, seu sobrinho, por este gesto público de grande ternura para com o tio Manuel Sobreiro. Veremos o que pode fazer a nossa tertúlia, de modo a honrar a memória do tio e do sobrinho. Todos nós temos direito à verdade, a começar pelos familiares e amigos dos nossos camaradas que tombaram na Guiné, em combate, por acidente, por doença ou por qualquer motivo.Nota:(1) A CART 1612 era um das três companhias operacionais do BART 1896 (As outras duas eram a 1613 e a 1614). Segundo o Zé Neto, esta última, a CART 1614 era "a subunidade turista da Guiné que nunca ninguém do Batalhão conseguiu descobrir a razão de ficar sempre de fora dos petiscos que calharam às outras duas companhias operacionais (1612 e 1613)". E acrescenta, com ironia: "Eu desconfio, mas, para misérias do Celestino já basta!"...

Luís Graça
(Fez a guerra colonial na Guiné em 1969/71, criador e editor do blogue foranada)

Publicado, Quinta-feira, 14 de Junho de 2007:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2007/06/guin-6374-p1849-quero-prestar-devida.html
Publicado, Quarta-feira, 20 de Junho de 2007:
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2007/06/guin-6374-p1863-homenagem-ao-meu-tio.html

Foto: Manuel Sobreiro, Guiné Portuguesa

Sobreirito-4: Sobreiro ou Sobreira?


Manuel era o irmão mais velho de 8 filhos de Manuel Rodrigues Sobreira e de Maria de Jesus.
Apesar do nome de família ser Sobreira, a conservatória do registo civil de Leiria, registou o Manuel com o apelido Sobreiro, em vez do apelido da família Sobreira.
Naquele tempo, tal situação ocorria com muita frequência, por isso os erros eram frequentes aquando do registo dos recém nascidos.
Nelson S S Domingues
Obs. Na foto com o seu irmão traquina António, no Natal de 1961.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Sobreirito-3: Natal 1961, Souto da Carpalhosa


Manuel de Jesus Rodrigues Sobreiro nasceu em 20/02/1942, natural da Chã da Laranjeira, freguesia Souto da Carpalhosa, concelho de Leiria.
Foto de família tirada no Natal de 1961, em cima da esquerda para direita Luzia (irmã), António (irmão), Manuel (Pai), Maria (Mãe), Manuel.
Em baixo da esquerda para direita: Laura (irmã), José (irmão), João (irmão), Abel (irmão), Maria (irmã).


Nelson S S Domingues

sábado, 9 de junho de 2007

Sobreirito-2: Homenagem

Da necessidade de encontrar as verdades do Sobreirito (de Manuel de Jesus Rodrigues Sobreiro), nasceu a criação deste blogue, o melhoramento e o sucesso será garantido com a participação de todos os familiares, amigos e combatentes no teatro de operações na Guiné.
O blogue tem o nome de As verdades do Sobreirito, porque existem várias versões (verdades) sobre a morte do meu tio, e Sobreirito, porque era assim que o saudoso Zé Neto o tratava.
A todos desde já agradeço a colaboração. O desejo é homenagear condignamente o Sobreirito, enquanto filho, irmão, amigo, seminarista e combatente na Guiné.


Nelson S S Domingues

Obs. As fotos exibidas no blogue, foram cedidas gentilmente por Laura J. R. Sobreira Domingues e António J. Rodrigues Sobreira.

Foto: Manuel Sobreiro, Guiné.

Sobreirito-1: As verdades do Sobreirito


"Luís: A minha intenção era ficar aqui caladinho no meu canto para não entupir a formidável sequência de factos das campanhas da Guiné. (Creio que estamos a construir um monumento histórico e inédito). Mas o José Teixeira tem o condão de me despertar recordações dispersas, pois "fala" de sítios por onde andei. Admiro-o muito.E, a propósito das "desgraçadas" formigas (1), veio-me à memória a morte inglória do meu conterrâneo Alferes Miliciano Manuel Sobreiro (2º comandante da CART 1612, por ser o mais classificado dos alferes) (2). O Sobreirito (como eu o tratava na intimidade) tinha a especialidade de Minas e Armadilhas.Em Fevereiro de 1968, precisamente na área de Mampatá, foi encarregado de desarmadilhar uma zona por onde iam alargar uma picada. Quando já tinha bem presa a alavanca duma granada defensiva instantânea e se preparava para introduzir a cavilha foi mordido num artelho por uma dessas formigas. Ao fazer o gesto de sacudir o insecto escorregou-lhe a alavanca e... sucumbiu crivado de estilhaços.O Alferes Miliciano de Artilharia nº 0022363, Manuel de Jesus Rodrigues Sobreiro, natural de Chã da Laranjeira, Souto da Carpalhosa, Leiria, não morreu em combate. Os senhores da guerra determinaram que foi "morto por acidente". Tanta injustiça que se cometeu!!! Um dia hei-de abordar este tema. "

José Neto (Zé Neto), (CART 1613, Guileje, 1967/68, ex-sargento, capitão reformado, falecido a 27 maio 2007)

Publicado,14Janeiro2006: http://blogueforanada.blogspot.com/2006_01_08_blogueforanada_archive.html
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Foto: Manuel Sobreiro, Guiné Portuguesa, Maio 1967