domingo, 12 de julho de 2009

Sobreirito-16: Homenagem a todos os combatentes da guerra do ultramar da freguesia Souto da Carpalhosa





No dia 12 Julho 2009 pelas 15:30 horas e junto à sede da Junta de Freguesia do Souto da Carpalhosa foi a inaugurar uma lápide de homenagem a todos os combatentes da guerra do ultramar da freguesia Souto da Carpalhosa
A cerimónia contou com os ex militares, familiares e amigos que participaram na guerra, o presidente da Junta do Souto da Carpalhosa o Sr. José Carlos, os restantes elementos da Junta de Freguesia e funcionários e a Presidente da Câmara Municipal de Leiria a Sra. Isabel Damasceno.


Nelson S S Domingues

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sábado, 11 de julho de 2009

Sobreirito-15: IV Encontro Nacional da Tertúlia do blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, 20 de Junho de 2009

Tive o privilégio de participar e conviver no IV Encontro Nacional da Tertúlia do blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, no dia 20 de Junho de 2009, Quinta do Paúl, Ortigosa, Monte Real, Leiria.
Ao participar neste encontro tive a felicidade de conhecer in loco os homens que comecei admirar e a respeitar aquando das minhas incursões no blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné.
Na minha mesa convivi de perto com Magalhães Ribeiro e sua esposa, Casimiro Carvalho, José Pedro Neves e esposa Ana Maria, Tomás Carneiro vindo dos Açores da Ilha São Miguel e mais três camaradas da Guiné que não me lembro o nome.
Também tive o privilégio de trocar umas palavras com o adoráveis Carlos Vinhal, José Martins e Esposa, Luís Graça e o meu conterrâneo e amável Joaquim Mexia Alves.
Obrigado por existirem!!
Até para o ano...


Nelson S S Domingues

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http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/06/guine-6374-p4570-iv-encontro-nacional.html
http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2009/06/guine-6374-p4566-iv-encontro-nacional.html

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sobreirito-14: Alferes Jorge Paes Freire


Nos textos publicados, onde constam correspondência do meu primo Raul Caetano com o Furriel José Martins, observei uma outra correspondência sobre os factos ocorridos no dia 24 Fevereiro 1968, texto do Alferes Jorge Paes Freire (com a devida vénia)

02 de Agosto de 2008
Remetente: Raul Sobreira Caetano

Informação sobre a morte do alferes Manuel de Jesus Sobreiro

Boa tarde.

Acabei de ver uma página da Internet onde manifestava o desejo de saber as circunstâncias da morte do seu tio Manuel de Jesus Sobreiro (de Monte Real, Leiria).
O meu nome é Jorge Paes da Cunha Freire e fui alferes da C.Art 1612. Estive com o seu tio na formação da Companhia em Vila Nova de Gaia, em 1966, e depois na Guiné, em Bissorã e em Buba. Entretanto, em Agosto de 1967, fui transferido para Bissau. Aquando do falecimento do seu tio, eu estava de férias em Lisboa e recebi uma carta do comandante da companhia, capitão Orlando Ventura de Mendonça a relatar-me o sucedido e que realmente me deixou muito chocado. O que se passou foi o seguinte, (em Aldeia Formosa, perto de Buba, onde a companhia estava destacada na altura) presenciado por soldados da companhia, que me confirmaram o sucedido. O seu tio tinha a especialidade de minas e armadilhas, tirada em Tancos, depois do 2º ciclo do curso de oficiais milicianos, tirado em Vendas Novas. A origem do acidente que lhe causou a morte foi a circunstância em que teve de desmontar uma armadilha. Quando estava a proceder a essa operação, foi instantaneamente coberto por um tipo de formigas muito comum na Guiné, designado localmente por «correcção» ou também por «marabunta». Essas formigas cobrem uma pessoa em segundos e, quando mordem, se as arrancamos ficam as cabeças agarradas à pele, pelos ferrões. Ora isso aconteceu exactamente quando o seu tio tinha a armadilha na mão e que explodiu, quando ele sacudiu as formigas, cuja picada dói bastante. Foi isto que realmente sucedeu.
Espero ter contribuído para o esclarecimento do que se passou, manifestando o meu pesar, pelo desaparecimento do meu companheiro de armas, Manuel Sobreiro, que continua vivo na minha memória ao fim de 41 anos.
Aproveito a oportunidade para lhe apresentar os meus cumprimentos, pondo-me ao seu dispor se quiser contactar-me.

Jorge Freire

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Nelson S S Domingues

Foto: Manuel Sobreiro e Camaradas

Sobreirito-13: Raul Sobreira Caetano


O meu primo Raul Sobreira Caetano foi impulsionador e perseverante na busca da verdade sobre a morte do nosso tio na Guiné.
Nas diversas conversas que tive com o meu primo fiquei a saber das suas pesquisas e da troca de correspondência com Furriel Miliciano José Martins.
Agradeço de uma forma sentida a colaboração prestada por José Martins, FUR. Mil. Trms. Inf., C. Caç 5/ CTI Guiné, Junho 1968 a Junho 1970 e Jorge Paes da Cunha Freire Alferes da CART. 1612. (com a devida vénia)

Correspondência entre Raul Caetano e Furriel José Martins, resumos:

28 de Abril de 2007

"Sr. José Martins

Fico muito feliz pelo seu mail, o qual desde já agradeço.
Sei que se deve lidar com muito cuidado com estes assuntos, pois como o Sr. mencionou "são sempre dolorosos e difíceis de abordar", mas acho que as famílias dos que por lá caíram têm o direito à verdade.
A morte do meu tio sempre foi um assunto tabu, primeiro porque a minha avó no espaço de dois anos ficou sem o marido e o filho mais velho. Segundo porque na altura as informações que nos chegavam eram contraditórias, como se vivia numa ditadura talvez não se procurasse a fundo a verdade. Havia a verdade oficial e uma vez por ano vinha um pelotão ao cemitério homenagear os nossos mortos (entre os quais o meu tio), com salvas de tiro. Provavelmente isto fazia esquecer a procura da verdade.
Sei que alguém da minha família tentou saber mais, mas acho que não o conseguiram.
Há relativamente pouco tempo, veio parar às minhas mãos por acaso um caderno do Expresso com os soldados mortos no Ultramar e por minha surpresa não encontrei o nome do meu tio. Não tenho a certeza se realmente não está ou se eu não consegui encontrar, pois a lista é muito longa e poderia ter-me escapado, já providenciei para a obter. Mas este episódio, despertou a minha curiosidade, e agarrei-me aos meios que possuo, nomeadamente a Internet e encontro uma lista de combatentes que morreram na Guiné, creio que foi o Sr. que a elaborou, na página do Ultramar.terraweb (anexa) [Listagem Guiné - Tombados em Campanha, página 21] onde o nome do meu tio aparece e o motivo acidente. Como queremos ir sempre mais além, enviei uma mensagem para tentar saber mais informações da morte do meu tio. No dia seguinte recebo um mail para consultar os sites http://www.cart1525.com/ e o blogueforanada.blogspot.com (do Sr. Luís Graça e Camaradas da Guiné). No primeiro site não encontrei nada, mas no segundo encontrei, para grande surpresa minha um artigo escrito pelo Sr. José Neto a descrever pormenorizadamente a morte do meu tio (em anexo) [reproduzido no final deste mail, em itálico].
Agora recebo o seu e cada vez a confusão é maior.
1.º Morreu a desarmadilhar uma granada defensiva (é uma arma de arremesso, não de fogo?) ou na verificação da zona foi alvejado por alguém?
2.º Segundo o Sr. José Neto ele era o 2.º Comandante da Companhia, porquê ele a fazer a verificação da zona armadilhada e não um militar com posto mais baixo?
3.º Segundo os arquivos que consultou a armadilha foi colocada pelas nossas tropas, seria treino ou foi tudo premeditado? "

Raul Sobreira Caetano


29 de Abril de 2007

"Caro Raul

Acabo de chegar de Pombal, onde se reuniram, pela segunda vez no espaço de seis meses, alguns elementos que fazem parte do blogue do Luís Graça, entre os quais me incluo, participando com alguns escritos e pesquisas, assim como na página de ultramar.terraweb.biz, onde pretendi com a listagem enviada, prestar homenagem a todos aqueles que tombaram. Talvez por ter visto a morte a rondar-me por três vezes durante a minha estada na Guiné, entre Junho de 1968 e Junho de 1970.
Curiosamente, depois de sair de Pombal, estive em Leiria, donde sou natural e onde ainda tenho família, uma vez que agora resido em Odivelas. Não sabia que o meu amigo Zé Neto, que além do blogue conheço pessoalmente, também era da nossa região. Infelizmente não estive com ele, já que se encontra doente.
Quanto ao nomes publicados pelo Expresso em 30 de Abril de 1994, e que faz parte dos meus arquivos, poderia estar errado por defeito. Ainda há pouco tempo foram acrescentados nomes na parede do Forte do Bom Sucesso, em Belém - Lisboa, por não terem sido incluídos na listagem então elaborada. No entanto o nome do seu tio aparece na página 26, desse caderno, na 15ª posição, tendo um R em vez de Rodrigues.
Mas vamos tentar aclarar as dúvidas que possam existir:
1º - Foi do 8º volume da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), página 334, que retirei as informações enviadas. O texto do meu camarada José Neto confirma o que está no livro. No nosso léxico, arma de fogo é considerado todo o engenho que actua através de uma deflagração ou explosão.
2º - No texto do Zé Neto refere que o seu tio tinha a especialidade de Minas e Armadilhas, uma das razões porque, apesar de ser o oficial subalterno mais antigo e, por conseguinte, o 2º comandante da companhia, ter sido ele a fazer aquele trabalho. Isto além de, como oficial e como mais graduado, por altruísmo e para preservar os homens que estavam sob as suas ordens, logo sob a sua responsabilidade, serem os mais graduados a executar as tarefas mais difíceis e arriscadas. Eu próprio, como Furriel, substituí os meus homens em diversas tarefas que além de não me serem atribuídas, a tal não ser obrigado.
3º - Quanto a esta questão, pelo que li, tratou-se de uma acção real. Se fosse um treino decerto teria feito mais vítimas, pois que teria à sua volta os elementos a quem pretendia passar os seus conhecimentos. Tanto as nossas tropas como o inimigo (o PAIGC) recorriam a esta guerra subterrânea, que tantas vítimas provocaram de ambos os lados.
Os endereços electrónicos do meu camarada José Neto, de que disponho, são zeneto@netcabo.pt ou netoze@clix.pt.
Mais uma vez me congratulo por a vossa geração querer saber a verdade sobre a guerra que nós travamos, mas que durante anos escondemos, como se tivéssemos praticado um pecado capital. Hoje, 37 anos depois de ter deixado o teatro de operações, já falei mais da guerra ao meu neto, que tem 11 anos, do que o que falei aos meus três filhos.
Sabemos que nada poderá mudar o rumo que as coisas do passado tiveram, mas estamos cientes de que quanto mais se souber sobre aquele período da nossa história, pois de história se trata, se poderá melhorar, compreender e ajudar todos aqueles que, a sua participação na guerra afectou, a ponto de os inutilizar, em termos físicos e psicológicos, para o resto das suas vidas.
Como é óbvio e faz parte do nosso (blogistas) código de conduta, este mail vai com conhecimento ao editor Luís Graça, pois que assim também é possível obter outros elementos que possam ser do conhecimento e interesse geral.
Termino, mantendo-me ao dispor para o que possa ser útil, com um abraço"

José Martins

Publicado:http://ultramar.terraweb.biz/zraulsobreiracaetano_2007_04_26_guine.htm http://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2008/09/guin-6374-p3174-em-busca-de-38-causas.html

Nelson S S Domingues


Foto: Manuel Sobreiro e Camaradas em 22-11-1965