sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sobreirito-14: Alferes Jorge Paes Freire


Nos textos publicados, onde constam correspondência do meu primo Raul Caetano com o Furriel José Martins, observei uma outra correspondência sobre os factos ocorridos no dia 24 Fevereiro 1968, texto do Alferes Jorge Paes Freire (com a devida vénia)

02 de Agosto de 2008
Remetente: Raul Sobreira Caetano

Informação sobre a morte do alferes Manuel de Jesus Sobreiro

Boa tarde.

Acabei de ver uma página da Internet onde manifestava o desejo de saber as circunstâncias da morte do seu tio Manuel de Jesus Sobreiro (de Monte Real, Leiria).
O meu nome é Jorge Paes da Cunha Freire e fui alferes da C.Art 1612. Estive com o seu tio na formação da Companhia em Vila Nova de Gaia, em 1966, e depois na Guiné, em Bissorã e em Buba. Entretanto, em Agosto de 1967, fui transferido para Bissau. Aquando do falecimento do seu tio, eu estava de férias em Lisboa e recebi uma carta do comandante da companhia, capitão Orlando Ventura de Mendonça a relatar-me o sucedido e que realmente me deixou muito chocado. O que se passou foi o seguinte, (em Aldeia Formosa, perto de Buba, onde a companhia estava destacada na altura) presenciado por soldados da companhia, que me confirmaram o sucedido. O seu tio tinha a especialidade de minas e armadilhas, tirada em Tancos, depois do 2º ciclo do curso de oficiais milicianos, tirado em Vendas Novas. A origem do acidente que lhe causou a morte foi a circunstância em que teve de desmontar uma armadilha. Quando estava a proceder a essa operação, foi instantaneamente coberto por um tipo de formigas muito comum na Guiné, designado localmente por «correcção» ou também por «marabunta». Essas formigas cobrem uma pessoa em segundos e, quando mordem, se as arrancamos ficam as cabeças agarradas à pele, pelos ferrões. Ora isso aconteceu exactamente quando o seu tio tinha a armadilha na mão e que explodiu, quando ele sacudiu as formigas, cuja picada dói bastante. Foi isto que realmente sucedeu.
Espero ter contribuído para o esclarecimento do que se passou, manifestando o meu pesar, pelo desaparecimento do meu companheiro de armas, Manuel Sobreiro, que continua vivo na minha memória ao fim de 41 anos.
Aproveito a oportunidade para lhe apresentar os meus cumprimentos, pondo-me ao seu dispor se quiser contactar-me.

Jorge Freire

Publicado:

Nelson S S Domingues

Foto: Manuel Sobreiro e Camaradas

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